quinta-feira, 28 de julho de 2011

O sol punha-se lentamente, e uma leve brisa corria no ar transportando consigo os leves e imensos grãozinhos de areia. No horizonte surge, por entre suaves e quase inexistentes nuvens, a lua com a sua fase crescente. Esta que vê noite após noite as mais incríveis e deslumbrantes aventuras daqueles que não se limitam a existir, daqueles que preferem viver, daqueles que escolhem ser os ponteiros de um relógio em vez de os verem passar segundo após segundo, daqueles que não estagnam no seu tempo e fazem acontecer.
Porém essa lua que vê todas estas maravilhas, sempre que o sol aparece ainda ensonado, despede-se, triste por vezes e pensa em tudo aquilo que alguém lhe mostra, noites a fio e que ela simplesmente observa, ou sorri ou chora, mas não percebe o porquê desses actos. Ela simplesmente deixa que aconteça, não se opõem mesmo não concordando, não aplaude mesmo apoiando, só sonha com o que assiste. E sempre que o sol nasce e a lua adormece, eles encontram-se por pequeníssimos instantes, mesmo quando ninguém está a ver, e o sol entusiasmado pergunta a lua tudo o que ela viu naquela noite, esta muito entusiasmada conta-lhe sempre com um brilho nos olhos as aventuras que vê, o amor que sente ao ver e a tristeza que tem de não actuar como os figurinos dessas aventuras, como as personagens daquele imenso palco que é a vida.
O sol não sonha, não sente, só pergunta, duvida de tudo e até daquilo que a lua lhe conta por vezes. Embora ache incrível aquele brilho no olhar da lua quando fala das aventuras vistas, ou a fragilidade que aparenta ter quando fala dos romances a que assiste, ele duvida, porque ele não sente. Tem perguntas e questiona tudo, mas nem ele sabe o porquê de ser assim. A lua tenta por vezes explicar-lhe que ele só é assim porque não está acordado de noite como ela. E que de noite tudo é mágico, ao contrário do dia. Logo, ele não pode sentir o mesmo que ela. Explica-lhe também que há quem viva a girar a terra de pernas para o ar, quem viva a ver a terra girar e quem pergunte porque a terra gira. E que ela apenas tinha escolhido girar ela mesma com a terra.
SC

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